quinta-feira, 16 de junho de 2011

MOSCA AZUL OU MAÇÃ PODRE?



Meu quintal é grande. Acho que já o citei em alguns de meus casos por aqui. Temos muitas plantações, desde bananeira a hortaliças e folhas para chás. Um espaço fresco e de terra boa onde minha mãe passa a maioria das manhãs. Resolvi plantar uma pimenteira. E, por incrível que pareça, não é sobre ela nem sobre o quintal que quero falar.

Aconteceu, que eu, indo molhar o meu pequeno vaso com sementes de pimenta ansiosas pra nascer (eu, mais ansiosa que elas), avistei um inseto que deveria ser belo, mas que é horrível: a mosca.
Ela pousou bem na minha frente, roçando uma patinha na outra como se me afrontasse e dissesse: “Venha me acertar! Você não pode comigo.”
Dito e feito tentei acertá-la. Resultado óbvio: ela escapou.
Mas me fez lembrar de uma história que eu lia quando criança, da mosca e da abelha.

As pessoas ficavam encantadas quando a mosca azul aparecia batendo suas asas pequenas e refletindo suas cores através do sol. Achavam-na linda, esplendorosa, deslumbrante. Já quando era a vez da abelha, ela era enxotada pela dona de casa desesperada e muitas vezes, morta. Foi então que um dia a mosca atrevida e vaidosa, se aproximou da abelha enquanto esta trabalhava com afinco para levar material para sua colméia:
_ Olha pra você, abelha! Tão horrorosa, não pára de trabalhar um minuto sequer e as pessoas tem pavor de você!
A abelha se mantinha em silencio, concentrada no que estava fazendo. A mosca continuou:
_ E olhe pra mim! Tão bela, azul, e quando me olham ficam tão admiradas que nem percebem quando deposito minhas larvas em seus alimentos ou quando contamino suas crianças. Não sou limpinha como você, admito. Mas o que importa se sou linda mesmo assim? Do que adianta ser limpa e trabalhadora se assusta as pessoas pela falta de beleza?
Entristecida, a abelha enfim respondeu:
_ Um dia, irmã mosca, as pessoas verão que a beleza nem sempre é sinônimo de bom coração. Então, só me resta trabalhar e aguardar que esse dia chegue logo...

Antigamente eu achava, que esta história de maça linda por fora e podre por dentro era mito. Foi preciso que um dia acontecesse comigo para que eu enfim acreditasse nessa história toda. Realmente, uma linda maça, do tipo argentina sabe (aquelas que são lindas e nem sempre gostosas!), pois bem, perfeita por fora.
Lembrou-me até aquela maça divina mordida pela Branca de Neve nos contos infantis. Tão perfeita que levei horas para abocanhá-la só admirando sua beleza, seu brilho, sua vermelhidão incandescente e seu perfume embriagador.
Bastou uma única mordida para reparar que ela estava completamente apodrecida por dentro. Sabor ruim e aspecto terrível. Quem podia imaginar? Foi impossível consumir. Restou apenas para a amiga maçã, o lixo.

Se essa história comprovada por mim é verídica nas frutas, imagina só no ser humano? Muito mas muito mais fácil de se encontrar um recheio podre escondido em uma casca bela e perfeita.
Infelizmente, somos encantados com a beleza e, até que soubemos que aquela criatura não é verdadeiramente perfeita, já nos jogamos no abismo de nossas ilusões, loucos a procura da imagem que criamos e idolatramos tanto.
Nem sempre beleza é sinal de bondade, humildade e bom caráter. Não existem príncipes e princesas (perfeitos por fora e por dentro) e, se por um acaso alguém encontrar algum, COMPARTILHE! (risos)
Acreditem meus amigos, existem príncipes em corpos de sapos e de corcundas!
Talvez, se todos passássemos por essa hipnose, escolheríamos menos e seriamos envolvidos e levados pelo interior das pessoas, pelo que de bom elas tem para oferecer ao mundo e não por seus corpos perfeitos e bem torneados, muito menos pelo rosto bonito que nem sempre tem a expressão que buscamos.


;-)

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