sexta-feira, 24 de junho de 2011

O VÔO DAS PALAVRAS...



Recebi a notícia de que há dois dias meu tio por parte de pai sofreu um derrame e está muito mal, no hospital.
Alguém contou que outro alguém contou que outro viu... que ele havia sido brutalmente ofendido no auge dos seus quase 70 anos (não sei bem sua idade).
Foi exigir o que achava que tinha direito e recebeu em troca inúmeras palavras de ódio, ofensa, humilhação, mentira ou verdade (vai saber) desencavando uma história de um passado que nem existe mais.
Humilhado, triste, ouviu aquelas palavras repetidas vezes em sua cabeça enquanto seu corpo adoecia...

Palavras.
Algumas pessoas ainda dizem: "só palavras".
Acredito que elas desconhecem a força que cada uma tem.

Jesus, quando foi ceiar na casa de um asseado fariseu ou escriba, nem sei ao certo e também não pesquisei, espantou a todos quando ceiou sem lavar as mãos.
E foi aí que ele disse que o que entra pela boca não faz mal ao homem, o que prejudica é aquilo que da boca sai.
Lúcido, sábio, ele sabia como ninguém o poder que habita nas palavras.
O poder que elas têm de ferir, seduzir, corromper.

Fico pensativa porque, eu sempre fui rápida nas palavras, nos argumentos, sempre falei e ainda falo o que não devo e em momentos inoportunos. Já feri pessoas que amo no momento de raiva e incertezas.
Isso sempre acontece!
Dos estranhos, engolimos sapos. Mas é sobre os que amamos que destilamos nosso veneno e nem sempre elas compreendem.

No momento em que aquelas pessoas (também conhecidas nossa de muitos anos) disseram o que disseram para o meu tio, não imaginaram o mal que causariam. Não imaginaram o quanto esta atitude impensada caminhou, até chegar a um, a outro e outro... e a nós, hoje, contaminados por essa situação.

Não existe dor maior, ferida maior que aquela criada por uma palavra proferida com a intenção de ferir. Abre chagas eternas que nenhum ser humano consegue reverter.

Somos todos afetados por elas, pelas benditas ou malditas palavras!
Da mesma forma que enobrecem, aconselham, iluminam... destroem!

Se não desejamos que façam conosco algo ruim, não devemos fazer também ao outro qualquer coisa de ruim, desagradável ou que contamine e magoe.
Difícil eu sei que é, mas impossível não.
E ainda seremos muito ofendidos, feridos, magoados por essa vida à fora! Podem ter certeza disso.
Mas o que importa nisso tudo, é que nossa consciência esteja tranquila quando o final dela se aproximar.
Isso, é o que eu mais quero...


Talvez , com nossos defeitos aparentes.
Pegaríamos à mão a esperar estendida.
E mesmo quando feridos e machucados
Entoaríamos apenas palavras de vida.
(Glória Salles)

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