sexta-feira, 10 de junho de 2011

Meu Chinelo Lilás...



Ele era um tipo havaianas daqueles baratinhos que a gente encontra em qualquer banca nas lojinhas do Centro.
Meu chinelo. Lilás e com uma florzinha do lado. Ganhei da minha irmã num dia normal. Tornou-se o meu preferido.
Mas aconteceu que, certa feita, eu passei uns dias na casa da minha outra irmã (a que NÃO me deu o chinelo) e saí de lá na correria deixando meu mimo chinelinho de R$5,00 pra trás...
Chegando em casa foi a maior dor, mas a gente supera. Um dia, quando a minha irmã viesse nos visitar, ela se lembraria de trazer meu amado companheiro. Aquele mesmo, que descansa meus pés quando os sapatos me apertam e os saltos me torturam. Aquele que me proporciona uma deliciosa sensação de bem estar após um dia de labuta. Ele mesmo. Meu chinelo lilás...

E foi o que aconteceu após umas três a quatro semanas usando qualquer outra coisa nos pés que não fosse aquilo que eu queria e havia me habituado.
Ao receber meu lilás de volta, fiquei tão alegre dando voltas com eles nos pés pela casa que tudo o que ouvi foi a voz estralada de meu sobrinho de sete anos, perguntando:
_Tá feliz, titia??

Parei para pensar. Mas é claro que eu estava feliz! E assim eu o respondi.
Hoje, falando com minha irmã (a que me deu o chinelo) ao telefone, ouvi sua voz contente porque estava experimentando a delícia de um novo emprego, se assim posso dizer.
E tudo que quis perguntar a ela, foi:
_Tá feliz??
Era isso o que queria, está feliz agora? Você se sente feliz com isso?

Tenho certeza que ela me responderia que sim.
E o mais triste de tudo é que essa felicidade se torna quase impossível para nós, seres terrenos, de ser prolongada.
Essa felicidade que dizemos conhecer, duram momentos, às vezes segundos...
Hoje estou aqui, com meu chinelo nos pés, e quase não me lembro que o tenho. Só lembrei no dia em que fiquei sem ele. Foi aí que percebi o tanto que ele me fez falta.
Capitou a idéia?
Tudo aquilo que queremos e adquirimos na vida são como aquele chinelo lilás. Sim!!
O seu apartamento, o emprego dos seus sonhos, aquele note-book ou o carro que você trabalhou tanto pra comprar. A namorada, a aproximação da criatura de seu interesse, um luxo, um mimo... Qualquer coisa!!
A alegria dura apenas alguns instantes e logo, aquilo que te fazia feliz passa a se tornar um hábito.
Você não o valoriza tanto quanto valorizou nos primeiros minutos.
Passa a valorizar, só depois que fica sem. Que perde.
Como muitos relacionamentos por aí. (fala que não é?)
O que me faz crer que devemos aprender a valorizar tudo aquilo que temos, da forma que temos. Valorizar nossas conquistas, nossos amores e familiares. Valorizar a palavra bem dita, o carinho bem ofertado.
E mesmo que a "felicidade não pertença a este mundo" que possamos fazê-la durar, sendo verdadeira, sendo Eterna!
O "Ser Eterno" é isso.
É ter a capacidade, a sensibilidade de fazer com que somente as coisas boas e bem vindas ao coração, possam durar. Eternizar em nossa memória, nossa alma.
Observe as coisas que estão próximas de você, seja ela um objeto ou um irmão. Valorize-o. Hoje.

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