Meus dedos agora doem de tanto teclar nos pequenos botões do meu celular. Procurava por números na agenda e tentava ligar.
Hoje, por incrível que pareça, fiz algo que há muito tempo não fazia. Sentada ao sol brando das 15:30, pernas cruzadas vendo o calor bronzeá-las, resolvi ligar para alguns amigos.
Tenho um péssimo costume. Pouco ligo para os meus amigos ou procuro por eles. Costumo ligar para os que estão mais próximos e no mais, recebo algumas ligações de gente reclamando meu desaparecimento e coisa do tipo. Já se tornou um hábito na minha vida. Hábito que preciso alterar, por mais que já faça parte do meu modo de ser.
Mas hoje eu levei tinta, como eu ouvia na infância. Ninguém me atendeu, outros desligados, outros ocupados. Que azar, pensei na hora. Quase não faço nada disso, quando resolvo fazer, nos três primeiros, dá errado.
Mandei então algumas mensagens, dizendo um “oi” e um “estou com saudades”. E desisti de tentar ligar para o resto.
Raros momentos como esses, onde tiro um tempo para ligar para os amigos.
E foi aí que pensei que nem sempre as coisas acontecem da forma que queremos. Na hora que queremos. Todos têm suas vidas e seu tempo também corrido e, se eu ligasse com mais freqüência, falaria mais com eles e não num dia qualquer, numa única vez a cada seis, oito meses.
Como dizia André Luiz, escasso é o tempo no corpo físico.
E se eu lembrasse disso a cada manhã, a cada acordar, saberia que eu não poderia perder mais tempo, porque tudo muda. As pessoas estão muito preocupadas com suas vidas assim como eu estou preocupada com a minha. E deixo os dias passarem e as boas amizades sem carinho, atenção.
Percebo então, que uma amizade é como uma plantinha que tem de ser regada, cultivada, cuidada para que esteja sempre florescendo e feliz. Toda e qualquer relação tem de ser cultivada. Mas somente hoje percebo com mais clareza, o tanto que sou indiferente com as minhas plantinhas que sei que me admiram.
Fiz uma lista. Alguns nomes de pessoas especiais pra mim e que ando hiper-mega-max em dívida. Resolvi que as visitarei, que ligarei mais, porque não sabemos se elas serão eternas, se estarão sempre ali, esperando por você.
Meu telefone agora toca e recebo alguns retornos. Fico feliz, mas me sinto culpada. A vida não é assim, as coisas não funcionam assim.
Então pega o seu telefone, liga para um amigo, esteja com ele sempre que puder. O momento presente é tudo o que temos e conhecemos.
“Estreita é a senda e escasso é o tempo no corpo físico.” André Luiz.
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