Tenho um grande companheiro. Se chama espelho. Todos os dias pela manhã, olho pra ele e ele me diz exatamente como estou. E o pior, é que nem sempre estou da forma como gostaria. Admito: poucas são as vezes que fico feliz ao encarar este meu companheiro.
Mas hoje pela manhã ele me disse que eu seria uma pessoa melhor. E eu acreditei.
Sorriso no rosto, apesar de ter acordado mais tarde do que o normal, havia em mim a convicção de que hoje eu seria melhor.
Eu até poderia ter sido se soubesse controlar meus impulsos e essa minha boca que fala tantas vezes sem pensar.
Então, diante de meu fracasso gigante, cheguei mais uma vez a conclusão de como é difícil você ser paciente, tolerante e amável.
Difícil aceitar quando invadem teu espaço ou quando agem de forma que você não concorda, mas com outras pessoas.
Eu poderia dizer: _”Não tenho nada a ver com isso” Mas quem disse que consigo?
Quando dou por mim, minha língua já se mexeu e emitiu palavras desnecessárias em momentos mais desnecessários ainda. E tudo se transforma.
Aquele dia que você jurou que seria azul e laranja, fica monocromático.
E eu, sem chão, ferrada, magoada, confusa e arrependida.
E assim termina mais um dia...
Seria errado eu acordar amanha dar de cara com o meu espelho e dizer pra ele que “hoje serei uma pessoa melhor”? Não seria mentira, porque de verdade, eu tentaria.
Mas meu gênio ainda tão primata toma em mim aquilo que mais detesto. A prepotência, arrogância, orgulho, malícia e toda podriqueira que assombra a alma humana e que ainda vive na minha.
Todos temos um lado sombra e outro luz. Todos somos assim. E às vezes, levamos uma vida inteira (ou vidas inteiras) tentando ser melhor, ser menos sombra.
Hoje eu não consegui e estraguei tudo. De novo.
Mas quem sabe amanhã?
Amanhã será um outro dia e a conversa com meu espelho será mais séria.
Como diz Rubem Alves, não é a toa que a bruxa da Branca de Neve é que vivia em conversinhas com o espelho mágico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário