Passo os meus dias abraçando sombras. Penso ser feliz, acredito ser feliz toda vez que abraçada me encontro a uma sombra.
Eu devia condenar os solitários, os que sofrem pelo passado perdido, os que se apegam a sombras.
Mas eu não posso.
Não posso condená-los e tão pouco chamá-los de covardes por querer viver assim.
Muitas vezes, eu também abracei as sombras.
Abracei a sombra de um passado como se ela fosse tudo o que me restasse em vida...
Abracei a sombra de meus pensamentos mais íntimos e me apertei a eles, acreditando que eles eram tudo o que eu tinha.
Vivemos cercados dessas sombras e, muitas delas, nos dizem o que fazer ou nos consolam nos momentos de dor.
Eu gostaria de dizer que desconheço a sombra.
Mas eu não posso.
A sombra faz parte do meu ser, é ela que me faz ver aquilo que eu gostaria de enxergar, por mais que me doa.
É ela que me dá força para que eu saiba onde estar e como estar.
Por isso, eu a abraço.
Abraço toda vez que sinto o gelo dos corações se aproximar de mim.
Abraço sempre que me sinto insegura ou quando vou experimentar algo pela primeira vez.
Abraço quando choro.
Abraço quando aquilo que quero não acontece.
Abraço.
E sigo meus dias, abraçando sombras.
E por incrível que possa parecer, elas não me fazem mal. Me acolhem, me aquecem e junto a elas me escondo, até que o próximo dia venha a clarear...
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