domingo, 23 de outubro de 2011

QUANDO PERDEMOS ALGUÉM...


Vim a saber que uma amiga muito querida acabou de perder a mãe.
Um desencarne repentino, do tipo daqueles que nos pegam de surpresa e nos marcam por toda uma vida.
Consigo imaginar sua dor, porque, assim como tantas outras pessoas, também perdi alguns entes queridos.
Podemos considerar a dor da perda uma das piores dores psíquicas que o ser humano pode sentir.
Uma dor tão profunda que parece que estamos sendo rasgados por dentro e, por incrível que possa parecer, a dor chega a ser física.

Quem nunca a sentiu só saberá do que digo no dia em que a sentir. Fato.
Mas ainda assim, não a desejo a ninguém, mesmo que seja inevitável.
A vida segue em torno do nascer, crescer, construir família e morrer.
Uma hora a perda tem de acontecer. Uns têm de ir pra que outros venham. É a dura lógica da vida...
Mas quando perdemos alguém, devemos deixar essa pessoa livre para seguir o seu caminho eterno.
Precisamos libertar o amado pra que ele encontre luz, já que Deus faz tudo certinho e jamais levaria alguém que não tivesse em seu momento, a menos que ela queira e precipite as coisas, claro.

Li certa vez, que a vida na Terra é como uma enorme Cadeia, onde todos ficamos presos em nosso corpo físico e em nossas experiências que nos levam obrigatoriamente à evolução.
Presos dentro dessa gigantesca jaula, vivemos um longo periodo, estreitamos laços, angariamos afetos.
Porém, chega o tempo em que a pena de determinada pessoa é cumprida e chega ao fim.
Para aqueles que ficam, a dor é difícil pelo afastamento daquele que ganhará a liberdade.
Mas seria correto desejar que o outro fique conosco todo o tempo preso em uma cela ao invés de alçar a liberdade tão esperada??
Não. Não é.
Assim é como nossos dias no grande presídio que é o Planeta Terra, mundo de provas e expiações!
Alguns partem antes de nós, mas partem para lugares melhores. Seu tempo de prisão chegou ao fim e tudo o que devemos desejar é a felicidade da pessoa que amamos, libertando-as.
Para todos nós, que ainda ficamos presos nessas grades, a dor é imensa.
Mas quando amamos, desejamos sempre o melhor e não que fiquem presas a nós uma vida inteira num mundo de sofrimentos, não é mesmo?
Que possamos emanar a saudade boa dos bons momentos e não o desespero da dor no coração inquieto.
Que enviemos preces, orações e que carreguemos no coração o sentimento bom que nos uniu e nunca o desejo do apego, por mais que seja difícil.

Abaixo, um poema, denominado "A Morte Segundo Santo Agostinho":

A morte segundo Santo Agostinho
A morte não é nada
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês,
O que eu era para vocês,
Eu continuarei sendo.

Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.

A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.



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