_ Você é uma pessoa muito rancorosa, minha filha!
Foi o que eu ouvi minha mãe me dizer certa vez.
_ Rancorosa?? Eu??? Quê isso? Nunca!!!
Caí na defesa.
Mas ela estava certa.
Mãe conhece bem seus filhos.
Eu sou assim.
Antigamente eu era pior, devo admitir.
Hoje, algumas coisas até deixo passar batido e acabo por não me importar.
Mas outras, ainda me incomodam.
E logo sinto uma carcaça grossa cobrir meu coração e o desgosto chegar aqui, bem pertinho, sentando coladinho ao meu lado.
Tenho uma maneira drástica de resolver algumas coisas (não quer dizer que isso seja certo, viu? Normalmente não é.) Eu, quando ofendida, magoada ou duramente contrariada, costumo usar uma caneta enorme, uma foto gigante do indivíduo e me satisfaço, sentindo o maior prazer, em fazer um "X" na cara do coitado (ou da coitada!).
Simplesmente deleto. Ignoro. Arranco violentamente da minha vida, como se nunca tivessem existido.
Só que, quando eu sento pra pensar, para refletir sobre meu comportamento e minhas atitudes, eu me entrego à razão e vejo que a "coitada" sou eu. Nenhum deles. Sou eu.
Eu, que tolamente, imaturamente, insisto em guardar o rancor em meu coração. Aquele sentimento pesado, sombrio que vem acompanhado da mágoa, da tristeza, da raiva e do desconforto.
No fim, perante a pouca importância dos outros que julguei "coitados", percebo que somente eu me importei tanto nessa história a ponto de me esforçar para esquecer e deletar da minha vida.
Sempre me pareceu a melhor saída, mas não é não. Me entendam.
É fácil porque no momento da raiva você acha que é o melhor a fazer, mas não é.
É como se sempre tivesse algo que você não resolveu na sua vida.
Quando as pessoas estão bem e, automaticamente, elas vão saindo da sua vida, não resta muito a não ser uma saudade ou um carinho distante.
Mas quando você as retira violentamente, sempre haverá uma pendência. Sempre.
Achamos que não, que está tudo bem... mas não está nada!
Quando você acorda, lá está o pesadelo em forma de mágoa, de rancor...!
Quero me livrar disso, minha gente!
Mas não sei como...
Acho até que... fugi dessa aula! rs..
Não sei se foi Shakespeare ou se foi Einstein que disse que guardar ressentimento é como beber veneno e esperar que a outra pessoa morra.
Lóóógicoo!!
Porque no final dessa história toda, o único prejudicado serei eu mesmo. Mais ninguém. Como disse antes, só haverá um "coitado", aquele que não soube passar por cima, que não soube perdoar e muito menos esquecer.
É, minha mãe tem razão.
E acho que desse mal ela não deve morrer, já que seus aborrecimentos duram uma fração de segundos.
Ah, como eu queria ser assim!
Mas meus caros leitores, escutem essa: Eu ainda chego lá.
Vamos juntos? (risos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário