domingo, 20 de fevereiro de 2011

Como Se Fosse em Alto Paraíso/GO

As pessoas não sabem quem você é, de onde partiu, onde nasceu, para onde irá ou o que fez da sua vida.
Baseado em suas próprias expectativas e convicções, nós criamos personagens, criamos pessoas, formas e imagens a todo o momento.
Uma situação interessante era quando eu ia, no período de carnaval, para uma espécie de retiro em Alto Paraíso, Goiás. Diversas pessoas de diversas partes do Brasil se reuniam lá para participar de confraternizações e estudos.
Ônibus e mais ônibus paravam naquela cidade rural, porém linda, com muitas pessoas esperançosas pelo encontro.
Advogados, médicos, universitários, faxineiros, funcionários públicos, pobretões que ralaram para conseguir pagar a passagem do busão, filhos de pais ricos com confortos inimagináveis...
E lá, você simplesmente não sabia quem era o quê. Ou quem.
Todos éramos iguais.
Diferenciados apenas pela forma de falar, pelos vários sotaques regionais e por suas atitudes. Mas não havia diferença entre o rico e o pobre. Ninguém sequer sabia do passado, da vida de outra pessoa a menos que ela se sentasse com você e contasse. Mas não tínhamos tempo para confabular sobre o passado e a vida de cada participante, queríamos conhecer suas almas, viver juntos o que aquele encontro poderia nos proporcionar sem diferenças, sem desigualdade.
Ao fim do encontro, cada qual voltava para seu mundinho cheio de dificuldades ou de tesouros. Tudo bem. Naqueles dias, éramos felizes por sermos iguais.
E na verdade, somos iguais.
O que acontece é que infelizmente somos separados em “categorias” e tratados como tal.
Alguém pega um numero e me liga.
Fala comigo ao telefone, sobre o meu trabalho e em sua mente cria que está falando com a “pessoa”. Acham que posso ser tudo o que precisam profissionalmente e quando na verdade, não tenho um terço do que eles idealizaram.
E o que acontece em seguida? A decepção.
E eu, me poupo pra não ver essa decepção estampada por saber que as pessoas fantasiam ao respeito do que você realmente é.
Nós também nos decepcionamos a todo momento, porque pintamos as pessoas com cores brilhantes demais quando na verdade, elas são cinzas.
Meu toque é:
Gostoso ser igual. Gostoso ser ninguém. Você não se cobra e não recebe cobranças. Você é feliz por ser o que é e da forma como é.
Eu não sou minha profissão, eu não sou meu dinheiro ou minhas viagens ao exterior. Cada qual tem suas experiências. Umas mais luxuosas outras nem tanto, mas não menos interessantes.
Valorize-se.
Não se menospreze por não falar idiomas ou não ter conseguido se formar em uma faculdade de renome.
Não pense que dessa forma você não conquistará aquela pessoa super influente, intelectual e que vive com mais facilidade que você.
Não se preocupe.
Quem te merece apreciará você pelo que é e nunca pelo que você tem ou mostra ser.
Funciona assim:
Como se todos estivéssemos em um encontro no Alto Paraíso no período de carnaval...

Somos todos Iguais...



2 comentários:

  1. Ola Cris,
    nos encontramos la esse ano?

    Adorei o texto...

    Bjos

    Zi'

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  2. Havia um tempo, amigos, em que este evento tinha sempre um sabor de quero mais...
    As pessoas unidas, eram diferentes : alegres e fraternas.
    Pena que a podridão do mundo corrompe as pessoas, deixando-as orgulhosas e vaidosas demais para que o "belo" permaneça por mais tempo...
    Bom que ficaram as boas recordações que serviram inclusive, como exemplo para a criação deste post...

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