Recentemente, fui buscar uma encomenda e enquanto esperava o entregador, uma senhora sentada em um degrau, me pediu alguns centavos.
Eu estava ali, nada pra fazer e como sempre, não daria os centavos até porque eu não os tinha sobrando, na verdade...
Então, puxei assunto e começamos a conversar.
Ela falou de seus problemas, que desejava morrer, que seus filhos não a reconheciam e muito menos seus netos. E o engraçado foi que ela mencionou sentir muita falta de um irmão que morreu há simples e curtos 18 anos. Veja só!
É, nessas horas as pessoas se apegam a saudades quase que inexistentes, resgatando um passado que já era.
Isso, como tudo nesta vida, tem um nome: se chama carência.
Sentimos tanta necessidade de pessoas que a simples idéia de viver sem elas nos apavora!
Então, vamos para o meio da multidão, atrás de pessoas, achando que o numero delas vai suprir a carência que sentimos, a solidão que sentimos.
Foi meu querido Mestre Anthony de Melo que disse bem e em poucas palavras que “Não se cura solidão com contato humano. Cura-se solidão com contato com a realidade”
Simples assim.
Mas complicado, eu sei.
Mas voltando àquele momento em que eu estava sentada ao lado da estranha senhora, percebi que ela estava embriagada, pois cheirava a álcool.
Mesmo assim eu fiquei ali, ao lado dela, a escutando desabafar.
Talvez fosse o que ela precisasse naquele momento. Desabafar.
Falou da vida infeliz, do abandono dos filhos e tudo que eu pude perceber naquela senhora é que ela estava implorando por amor.
Sim, meus queridos!
Implorando por amor...
Parece meio humilhante e grosseiro, mas nós também imploramos por amor.
Imploramos amor aos nossos pais, filhos, amigos, cônjuge, colegas de trabalho, professores e por aí vai numa extensa lista que parece nem ter fim.
Fazemos isso todos os dias e em cada minutinho de nossa vida porque acreditamos que estar com as pessoas vai suprir o vazio que existe dentro de nós.
Mas será?
Não é meio medíocre vivermos dependendo emocionalmente de alguém?
Sim, porque se você não me amar eu jamais poderei ser feliz. Na verdade, eu nem saberia como ser feliz se não for amada por você.
Mas está aí o grande engano da humanidade!
Invejo de verdade os grandes sábios, gurus, as pessoas despertas que entendiam desde sempre que poderíamos encontrar o amor sem precisar de pessoas.
E a grande verdade que eles sempre carregaram consigo e até mesmo passaram para discípulos é que
NÃO PRECISAMOS DO OUTRO PARA TERMOS AMOR.
Difícil de entender, não é?
Estamos tão habituados a associar as coisas (amor + pessoas) que a idéia de sermos sozinhos e não precisarmos ser amados, soa meio apavorante.
E quando eu falei para aquela senhora das coisas boas da vida, do verdadeiro amor, do amor-próprio e de que as coisas um dia iam se resolver por elas mesmas, eu pude perceber, da forma mais sutil possível, que era assim que ela queria viver.
Se vitimando, implorando amor, atenção... era assim que ela se alimentava!
Impressionante como alguém pode querer viver assim!
Mas ela queria.
Naquela hora, tudo o que me restou foi sair.
Como já ouvi certa vez: não tente fazer um porco dançar, tudo que conseguirá é irritá-lo.
Não busque amor nas pessoas.
Busque amor em você.
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