quinta-feira, 10 de abril de 2014

"Dar o gelo" em alguém, funciona?


Esse termo "dar o gelo" em alguém, existe desde os primórdios. Desde o meu colegial e, quando observo nas redes sociais, apesar das mudanças de gíria, ele é usado constantemente. O significado de "gelar" uma pessoa é exatamente o seu real significado: frio, tratar com frieza. E porquê fazemos isso?

Vou te falar, o ser humano é uma criaturinha das muito complicadas e, com nossas manias, com nossos defeitos, egoísmo, orgulho, nos vemos sempre em situações onde magoamos alguém ou somos magoados, porque, afinal, convivemos com outras pessoas e cada qual bem diferente umas das outras. O resultado de uma atitude errada (ou interpretada assim) pela outra pessoa, recebe de retorno, atitudes como "gelo". 

Quando você já explodiu, gritou, xingou e não surtiu o efeito desejado, você opta pela 2ª opção: ignorar o coitado (ou coitada). 

Alguns bem que merecem passar por esse "momento frio" porque eu bem sei que tem muita gente abusadinha por aí, que fala sem pensar, que acha que as outras pessoas nasceram para servi-las ou que vão esperar por elas durante uma vida inteira até que decidem aparecer feito um lindo super-herói em sua janela dizendo: "agora estou pronto!"


E enquanto isso você fica esperando.

O quê?
Calma lá. Não é bem assim não!

Vamos à pergunta deste post: funciona?

Acho que em 70% funciona, pela minha experiência e pelas vezes que eu também usei do método. Nós amamos o que não temos, valorizamos o que não podemos possuir e, principalmente, aquilo que não beija nossos pés. Sendo assim, quando você está sempre disponível, cria uma caminha confortável para o outro indivíduo que o faz agir desinteressadamente te valorizando bem menos do que você merece. Tão acostumado a essa sensação de ser estendido tapete vermelho toda vez que passar, quando você não estiver mais jogando pétalas de rosas entre seus passos, com certeza ele irá parar e questionar: "Opa! O que mudou?"

Observando que algo mudou, que você não está mais tão disponível, "a falta" o fará voltar.

Esse é o famoso "amor de Eros", o amor da falta, do que não se tem, do impossível, do inatingível, do "descobri que amo depois que perdi".

É, somos sim um bando de sem-vergonhas mas, muitas e muitas vezes, o "gelo" funciona e funciona bem. 
Salvo alguns casos onde a criatura estava mais que afim de te ver longe então, ele suspira aliviado com sua ausência. 

Se valorize mais, é o recado de hoje. 
Se precisar tratar com frieza ou nem falar com alguém por um tempo só pra ver se vai funcionar, faça. Mas faça ciente de que também pode dar errado essa tática.
De qualquer modo, deixe que o outro sinta sua falta. Deixe que ele te procure, que implore e queira sua presença, sua companhia, suas palavras.


Afinal, o mundo é um grande supermercado e se você não for bem sucedido no departamento de congelados, que tal tentar no setor dos Orgânicos ou no açougue. Dá que você encontra um filé... (risos).


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Quer chorar? Então CHORE.


Quando eu era criança, eu achava que as pessoas choravam demais. Via meu melhor amigo na escola cair em prantos por qualquer bobeira, minha mãe chorando pelos cantos ou recostada à cama, meu irmão quando entrávamos por engano no banheiro e o encontrávamos pelado, minha irmã mais velha quando ficava brava e parecia que sempre o mundo dela estava desabando. Até meu pai, já o vi chorar por diversas vezes e não gostei de nenhuma delas. 

Observar as pessoas chorando para uma criança, nem sempre quer dizer sensibilidade, emoção e sim, fragilidade. Eu acreditava que toda vez que alguém chorava, estava sendo um fraco. Eu chorava também, claro. Diante de uma família inteira que emocionava e se mostrava através das lágrimas, digamos que eu tenha seguido o exemplo. Eu chorava assistindo propaganda de margarina com a típica "família feliz". Talvez eu tenha chorado mais de despeito, de raiva, de remorso, do que de emoção ou tristeza. 

Quando meu pai faleceu, as pessoas disseram que eu era fria e insensível porque eu não estava chorando. Não sei exatamente explicar porquê uma pessoa chorona como eu, resolveu não chorar no enterro do pai. Acho mesmo que eu deveria estar dentro de uma bolha que me protegeu por um tempo, me impedindo de "sentir" a realidade naquele momento. 

Passado algum tempo, os choros vieram às prestações toda vez que eu me lembrava dele. E então, o choro virou companhia diária. Chorava quando comiam biscoitos na TV, quando o mocinho morria nos filmes ou quando a mocinha conquistava o amor da sua vida! Chorava de imaginar perdendo as pessoas que amo, chorei a vislumbrar pela primeira vez, a minha sobrinha caçula. Choro ao escrever, já chorei infindáveis noites vivendo a vida dos personagens e chorei quando pensei que meu mundo se acabaria quando perdi o amor da minha vida...

Não vou morrer do coração, isso é um fato. Não guardo nada dentro dele de negativo que não possa ter saído pelas lágrimas, que confesso, foram muitas, inúmeras. Encheriam um oceano.

Chorar é colocar pra fora aquilo que sua alma anda guardando e que nos mata aos poucos por dentro. Chorar é limpar nossa alma, fazer reviver nosso coração protegendo-o dos limbos sombrios da dor e da desesperança. Chorar é remédio, é alento, é calma.

Por isso, se tiver que chorar diante de algo que te incomode, chore. Se estiver feliz e seus olhos marejarem d'água, chore também. Não guarde a emoção, não retenha a emoção que quer explodir dentro de você! Deixe a lágrima cair, mesmo se não tiver alguém que as enxuga por você. Chore.