sábado, 4 de fevereiro de 2012

FAZENDO PEDIDOS


"Sempre acreditei que toda vez que a gente entra numa igreja pela primeira vez, vê uma estrela cadente ou amarra no pulso uma fitinha de Nosso Senhor do Bonfim, pode fazer um pedido. Ou três. Sempre faço. Quando são três, em geral, esqueço dois. Um nunca esqueci. Um sempre pedi: amor"
Esse trecho foi escrito por Caio Fernando Abreu, um jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro falecido em 1996 no auge dos seus 48 anos.
Apontado pela crítica, como um dos expoentes de sua geração com obras escritas num estilo econômico e bem pessoal, falando de sexo, de medo, de morte e, principalmente, da angustiante solidão.

Mas os seus trechos são bem próximos à nossa vivência atual, assim como seus dizeres no trecho acima.

Me peguei pensando nele no dia em que ganhei o meu Darumã.
Darumas são objetos orientais em forma de cabeça de diversos tamanhos.
Daruma
Ao adquirí-lo, perceberá que ele vem com seus dois olhos sem pintar, justamente para que você possa fazê-lo.
Faça um pedido e pinte um dos olhos.
Quando ele se realizar, você pinta o outro.

Interessante é que ele tem de ficar em um local de sua visão, pra que possa se lembrar dele todos os dias.
O meu está bem aqui, perto do meu computador. O vejo todos os dias e todas as horas.
Mas por incrível que possa parecer, nenhum de seus olhos estão pintados.
Eu não sei o que pedir.
Talvez por haver desejos demais ou incertezas.

Então, ao ler o que diz Caio Fernando Abreu, me lembrei das vezes que entrei em igrejas que nunca havia entrado e fiz meus 03 pedidos.
De quantas fitas amarrei em meu punho e também com pedidos.
Das estrelas que vi pela primeira vez e pronunciei uma estrofe batida junto com o desejo final.
As velas que acendi.
As coisas em que acreditei.

E é bem verdade, de todos os pedidos já feitos por mim, poucos eu posso me lembrar.
Mas de pedir amor é o que nunca posso esquecer.

Se bem que, hoje nem peço mais.
Desisti?
Não.
Mudei o foco.
Só isso.

Se vou fazer um pedido em meu Daruma ou não, sinceramente não sei.
Mas enquanto isso, ele fica aqui, me vigiando com seus olhos pálidos esperando por um lapso de vida.
Os desejos os fazem viver.
Acho que aos seres humanos também.

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